carreira.
Em janeiro de 1984, Reny surpreendeu o público ao posar nua para a revista Playboy. Embora a decisão tenha causado surpresa em muitos, para a atriz, foi uma forma de libertação e reconquista de sua identidade.
“Durante cinco anos, representei um personagem que tinha uma espécie de vida própria. Posar nua foi tomar posse de mim mesma outra vez. Em vez de falar para as crianças, me senti criança de novo.”
Essa atitude foi mais do que um desabafo; foi uma reafirmação de sua existência como mulher e artista, distinta da boneca que marcou tanto sua trajetória.
Apesar de parecer inacreditável, ainda hoje muitas pessoas acreditam que Reny de Oliveira foi demitida pela Rede Globo por posar nua. Essa ideia equivocada foi endossada pela autora Socorro Acioli em seu livro Emília: uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó. Contudo, a acusação é facilmente desmentida com uma simples pesquisa: Reny já havia deixado o programa muito antes de posar para a revista Playboy.
Outra polêmica gerada, desta vez por parte do público mais conservador, foi o folder de divulgação da revista, onde Reny aparecia usando a peruca da personagem Emília com a chamada provocativa: “Emília tirou a roupa”. A estratégia, obviamente, era um chamariz para aumentar as vendas da revista.
É importante contextualizar que, à época, posar para a Playboy era sinônimo de grande sucesso. Apenas figuras notórias ganhavam destaque na capa, e os ensaios eram realizados com um apelo artístico refinado, longe do sensacionalismo barato que muitas vezes se atribui ao tema.
Em 1986, Reny de Oliveira fez um breve retorno ao universo infantil ao interpretar Guanatuba, uma bruxa-fada e inimiga da apresentadora Simony, no programa A Nave da Fantasia. Apesar do novo papel, sua carreira no Brasil não teve a continuidade esperada, o que levou a atriz a tomar uma decisão definitiva.
Pouco tempo depois, Reny deixou o país e mudou-se para os Estados Unidos. Lá, casou-se com um empresário e adotou o sobrenome Burrows. Em uma entrevista ao jornal Caderno da TV em 1996, ela explicou sua decisão:
“Deixei o Brasil por achar que Emília havia cristalizado minha carreira. Depois de três anos sem receber convites para trabalhos, desisti.”
Sua última entrevista para a imprensa brasileira foi concedida por telefone ao Jornal do Brasil em 17 de agosto de 1996. Quando questionada sobre a possibilidade de retorno ao país, Reny respondeu de forma direta:
“Voltar ao Brasil, só se for para receber direitos autorais. Espero que eles estejam muito bem acumulados. Se fosse aqui (nos EUA), eu já estaria milionária.”
Atualmente, Reny de Oliveira reside no Canadá. Após se casar em 2004 com James Burrow, presidente de uma companhia de consultoria, e posteriormente divorciar-se, Reny seguiu uma nova trajetória profissional. Hoje, é professora de Yoga (Ashtanga) e administra o Shiatsu Therapy Center, onde aplica seus conhecimentos acadêmicos adquiridos em seu mestrado em Psicologia, concluído no Cambridge College.
O legado de Emília
Reny de Oliveira marcou época na teledramaturgia brasileira com sua interpretação única de Emília no Sítio do Picapau Amarelo. Durante o período em que atuou no programa, a produção viveu um momento de ouro, sendo reconhecida pela UNESCO como um dos melhores programas do mundo. Sobre sua relação com a personagem, Reny refletiu:
“Acabei abrindo mão de mim mesma. E foi por causa disto que desisti de vivê-la. De certa maneira, a Emília estava tomando meu lugar no mundo. Mas mesmo tendo consciência disto tudo, abandoná-la foi difícil e custou muito sofrimento. Porque também havia um lado bom. Nela, eu libertava meu lado infantil mais bonito. Podia viver a alegria, a leveza, a falta de medo e a coisa maravilhosa de poder ser irresponsável.”
Toda a dedicação e entrega de Reny de Oliveira à personagem Emília cobraram um preço alto. A atriz enfrentou problemas psicológicos que chegaram a impactar sua relação com o elenco do Sítio do Picapau Amarelo. Conflitos constantes com Rosana Garcia e mudanças repentinas de comportamento foram reflexos do esgotamento emocional vivido por Reny.
No entanto, é importante ressaltar: julgá-la por isso seria injusto. Reny deu corpo e alma ao papel, oferecendo um trabalho impecável e digno de aplausos. Infelizmente, a televisão brasileira não soube reconhecer e valorizar sua entrega, resultando na perda de uma atriz de grande talento que poderia ter brilhado em muitas superproduções.
Sua decisão de não se reconectar mais com a personagem e com o programa deve ser respeitada, e fica aqui o desejo de que Reny tenha muitas alegrias em sua vida.
Mas agora eu quero saber de você! Gostava de assistir a atriz como Emília? Qual sua lembrança mais marcante? Deixa aqui nos comentários e vamos estender essa conversa.