Calma,que nós não estamos fazendo uma matéria sobre a revista masculina da Reny,
Até porque, as informações que temos é que Reny foi-se embora para o exterior dando adeus para nosso país de terceiro mundo.
Peço licença então aos admiradores e fãs da atriz que hoje é a mais memorável "Emilia do sítio antigo". (Assim chamam o Sítio da década de 70 a minha geração). Vamos lá?
Reny de Oliveira nasceu no dia 28 de dezembro de 1947 e iniciou sua carreira artística aos 14 anos, atuando em peças de teatro amadoras. Aos 17 anos, estreou no teatro profissional com a peça O Milagre de Anne Sullivan. Esse papel marcante abriu as portas para sua entrada na televisão, onde participou da novela A Última Testemunha (1968), produzida e exibida pela Record TV.
Após essa estreia, Reny atuou em mais oito novelas até chegar ao universo encantado de Monteiro Lobato, no papel da Marquesa de Rabicó. Sua trajetória no Sítio do Picapau Amarelo começou em 1978, substituindo Dirce Migliaccio como Emília, a boneca de pano mais famosa da literatura brasileira.
Reny estreou no papel no episódio Cupido Maluco. Sua caracterização trouxe mudanças notáveis: a peruca era maior e mais despenteada, e o sotaque da personagem estava em desenvolvimento, refletindo sua busca por uma identidade própria para Emília.
Reny como Emília no primeiro episódio em que atuou no Sítio. |
Para construir sua interpretação, Reny contou com a ajuda de Edi Cherri, uma das atrizes que interpretaram Narizinho ao lado de Lúcia Lambertini, a Emília da TV Tupi. Reny estudou os movimentos e trejeitos da personagem, mas afirmou em uma entrevista de 1979 que sua intenção era criar a Emília que existia dentro dela.
“Eu acho que a Emília é toda maravilhosa, e o que mais me alegra e me deixa cheia de vaidade é sua alegria, criatividade, vaidade e até seu egoísmo. Ela tem tudo isso, e isso enriquece minha carreira e me deixa muito feliz”, declarou à revista Sétimo Céu em 1979.
A atriz permaneceu no programa por cinco anos, mas com o tempo começou a sentir que o papel estava limitando sua identidade. Reny relatou que a rotina intensa de viver Emília, tanto nas gravações quanto fora delas, afetava sua vida pessoal. “Eu sentia ciúmes da Emília e achava que ela estava me impedindo de despertar meu lado mulher”, disse ela.
Uma Emília marcante
Reny rapidamente conquistou o público e deixou sua marca na história do programa. À revista Sétimo Céu, em 1979, ela falou sobre a complexidade e o fascínio da boneca:
“Eu acho que a Emília é toda maravilhosa. O que mais me alegra e me enche de vaidade é sua alegria, criatividade, vaidade e egoísmo. Ela é muito interesseira! Isso torna minha carreira mais rica e me deixa muito feliz.”
Apesar do sucesso, viver Emília trouxe desafios pessoais e profissionais. Reny se dedicava intensamente à personagem, gravando por horas caracterizada e, muitas vezes, levando trejeitos da boneca para a vida real. Essa imersão constante afetava sua percepção de si mesma.
“Eu sentia que a Emília estava me impedindo de despertar meu lado mulher”, confessou a atriz. A rotina exaustiva fazia com que ela sentisse ciúmes da boneca, acreditando que a personagem estava “passando a perna” em sua vida adulta.
Reny dando a bênção para Suzana que interpretaria Emília a partir de 1983. (Foto colorizada por Jônatas Holanda). |
Os desafios da caracterização
Outro obstáculo foi a maquiagem pesada, essencial para dar vida à boneca. Segundo Dirce Migliaccio, Reny inicialmente gostava da transformação, mas, ao descobrir que o material estava prejudicando sua pele, começou a se revoltar.
Ela fazia questão de remover a maquiagem imediatamente após as gravações e até solicitou à Rede Globo que proibisse fotógrafos de registrá-la durante as filmagens em dado momento. Para se ter ideia, no dia anterior à gravação de um episódio, Reny precisava dormir com um óleo cheio de hidratante
A despedida do Sítio
Em 1982, após cinco anos no programa, Reny decidiu deixar o papel de Emília. Sua despedida seria no episódio “Aí Vem Tom Mix”, contudo, antes de sair, retornou para gravar o episódio especial "Reinações de Narizinho", que marcava a despedida de Daniele Rodrigues como Narizinho. Reny aceitou sob a condição de que suas cenas fossem reduzidas ao mínimo, embora tenha recriado a clássica sequência em que a boneca toma a pílula falante e ganha vida.
Reny de Oliveira, em uma de suas reflexões sobre o impacto de interpretar Emília, revelou o quanto a personagem influenciou sua vida pessoal:
“Eu me sentia sua irmã gêmea. E, como tenho uma irmã gêmea, Regina, senti a necessidade de viajar para os Estados Unidos, onde ela mora, acreditando que o contato com ela me faria bem. Emília era a boneca aceita, querida e desejada. Mas, no momento em que eu lavava o rosto, tudo mudava. A fantasia acabava, e a realidade era outra: a convivência com as pessoas era diferente. Emília me trouxe alegrias, mas também muita dor.”
A atriz também explicou que sua decisão de deixar o papel veio da necessidade de reafirmar sua identidade pessoal:
“Eu precisava mostrar meu rosto. Há, sim, um pouco de vaidade nisso. Mas a grande razão é que eu precisava mostrar que Reny também existe. Todos se habituaram a dar carinho à Emília e acabaram se esquecendo da Reny.”
Apesar de sua saída, Reny continuou sendo associada à personagem. A transformação como Emília era tão marcante que a atriz, sem a maquiagem e o figurino, muitas vezes não era reconhecida em eventos ou até mesmo na rua. Essa associação dificultou sua transição para novos papeis de destaque.
Reny de Oliveira precisou buscar ajuda de um grupo de análise tradicional para lidar com os desafios psicológicos que enfrentou ao interpretar Emília. Como parte do processo de reconexão consigo mesma, a atriz chegou a realizar uma despedida simbólica da personagem, marcando o fim de uma fase intensa e conflituosa de sua carreira.
carreira.
Em janeiro de 1984, Reny surpreendeu o público ao posar nua para a revista Playboy. Embora a decisão tenha causado surpresa em muitos, para a atriz, foi uma forma de libertação e reconquista de sua identidade.
“Durante cinco anos, representei um personagem que tinha uma espécie de vida própria. Posar nua foi tomar posse de mim mesma outra vez. Em vez de falar para as crianças, me senti criança de novo.”
Essa atitude foi mais do que um desabafo; foi uma reafirmação de sua existência como mulher e artista, distinta da boneca que marcou tanto sua trajetória.
Apesar de parecer inacreditável, ainda hoje muitas pessoas acreditam que Reny de Oliveira foi demitida pela Rede Globo por posar nua. Essa ideia equivocada foi endossada pela autora Socorro Acioli em seu livro Emília: uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó. Contudo, a acusação é facilmente desmentida com uma simples pesquisa: Reny já havia deixado o programa muito antes de posar para a revista Playboy.
Outra polêmica gerada, desta vez por parte do público mais conservador, foi o folder de divulgação da revista, onde Reny aparecia usando a peruca da personagem Emília com a chamada provocativa: “Emília tirou a roupa”. A estratégia, obviamente, era um chamariz para aumentar as vendas da revista.
É importante contextualizar que, à época, posar para a Playboy era sinônimo de grande sucesso. Apenas figuras notórias ganhavam destaque na capa, e os ensaios eram realizados com um apelo artístico refinado, longe do sensacionalismo barato que muitas vezes se atribui ao tema.
Em 1986, Reny de Oliveira fez um breve retorno ao universo infantil ao interpretar Guanatuba, uma bruxa-fada e inimiga da apresentadora Simony, no programa A Nave da Fantasia. Apesar do novo papel, sua carreira no Brasil não teve a continuidade esperada, o que levou a atriz a tomar uma decisão definitiva.
Pouco tempo depois, Reny deixou o país e mudou-se para os Estados Unidos. Lá, casou-se com um empresário e adotou o sobrenome Burrows. Em uma entrevista ao jornal Caderno da TV em 1996, ela explicou sua decisão:
“Deixei o Brasil por achar que Emília havia cristalizado minha carreira. Depois de três anos sem receber convites para trabalhos, desisti.”
Sua última entrevista para a imprensa brasileira foi concedida por telefone ao Jornal do Brasil em 17 de agosto de 1996. Quando questionada sobre a possibilidade de retorno ao país, Reny respondeu de forma direta:
“Voltar ao Brasil, só se for para receber direitos autorais. Espero que eles estejam muito bem acumulados. Se fosse aqui (nos EUA), eu já estaria milionária.”
Atualmente, Reny de Oliveira reside no Canadá. Após se casar em 2004 com James Burrow, presidente de uma companhia de consultoria, e posteriormente divorciar-se, Reny seguiu uma nova trajetória profissional. Hoje, é professora de Yoga (Ashtanga) e administra o Shiatsu Therapy Center, onde aplica seus conhecimentos acadêmicos adquiridos em seu mestrado em Psicologia, concluído no Cambridge College.
O legado de Emília
Reny de Oliveira marcou época na teledramaturgia brasileira com sua interpretação única de Emília no Sítio do Picapau Amarelo. Durante o período em que atuou no programa, a produção viveu um momento de ouro, sendo reconhecida pela UNESCO como um dos melhores programas do mundo. Sobre sua relação com a personagem, Reny refletiu:
“Acabei abrindo mão de mim mesma. E foi por causa disto que desisti de vivê-la. De certa maneira, a Emília estava tomando meu lugar no mundo. Mas mesmo tendo consciência disto tudo, abandoná-la foi difícil e custou muito sofrimento. Porque também havia um lado bom. Nela, eu libertava meu lado infantil mais bonito. Podia viver a alegria, a leveza, a falta de medo e a coisa maravilhosa de poder ser irresponsável.”
Toda a dedicação e entrega de Reny de Oliveira à personagem Emília cobraram um preço alto. A atriz enfrentou problemas psicológicos que chegaram a impactar sua relação com o elenco do Sítio do Picapau Amarelo. Conflitos constantes com Rosana Garcia e mudanças repentinas de comportamento foram reflexos do esgotamento emocional vivido por Reny.
No entanto, é importante ressaltar: julgá-la por isso seria injusto. Reny deu corpo e alma ao papel, oferecendo um trabalho impecável e digno de aplausos. Infelizmente, a televisão brasileira não soube reconhecer e valorizar sua entrega, resultando na perda de uma atriz de grande talento que poderia ter brilhado em muitas superproduções.
Sua decisão de não se reconectar mais com a personagem e com o programa deve ser respeitada, e fica aqui o desejo de que Reny tenha muitas alegrias em sua vida.
Mas agora eu quero saber de você! Gostava de assistir a atriz como Emília? Qual sua lembrança mais marcante? Deixa aqui nos comentários e vamos estender essa conversa.
Fala sobre a Dirce Migliaccio sua trajetória e o fato dela ter saído do sítio que até hoje não sabemos direito se foi pela mesma causa da Reny por se cansar do personagem ??
ResponderExcluirObrigado pela publicação
Por nada! Fico feliz que tenha gostado. Pode deixar que vamos dar uma pesquisada e ai postamos sobre a Dirce. Abraços
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