quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

SÍTIO DO PICAPAU AMARELO - O MUSICAL | CURIOSIDADES SOBRE O ESPETÁCULO

Você sabia que o clássico infantil 'Sítio do Picapau Amarelo' ganhou uma adaptação musical que marcou os palcos em 2008 e 2009? Sob a direção do renomado Roberto Talma, essa produção trouxe uma nova vida às histórias de Monteiro Lobato, com um elenco incrível, bastidores cheios de histórias interessantes e cenas inesquecíveis que muitos fãs nunca chegaram a ver!

Hoje, eu vou te contar algumas curiosidades sobre essa peça, revelar detalhes dos bastidores, como foi a escolha do elenco e até mostrar cenas inéditas que você talvez nem imaginava que existiam! Então, prepare-se para mergulhar nesse universo mágico do Sítio e descobrir segredos dessa superprodução. Bora lá? 

TEXTO: Luis Henrique Souza

                     

Após sete temporadas na TV, o seriado Sítio do Picapau Amarelo perdeu fôlego e deixou de ocupar espaço na grade da Rede Globo. Em 2008, os personagens de Monteiro Lobato passaram por um reboot, ganhando novos traços e figurinos, marcando uma nova fase. Durante esse período, o Sítio se limitou a uma rede de licenciamento de produtos com o novo design.

Paralelamente, as primeiras temporadas da série foram reprisadas pela primeira vez no canal Futura, com estreia marcada para o dia 12 de outubro de 2008. Porém, foi nesse mesmo dia que uma nova história começou a tomar forma: no Teatro Procópio Ferreira, estreava "Sítio do Picapau Amarelo - O Musical".

A Chaim Produções adquiriu os direitos sobre a obra de Monteiro Lobato, com o objetivo de adaptá-la para os palcos. Sandro Chaim, grande fã do Sítio, sonhava em transformar o universo de Lobato em um espetáculo grandioso, com o estilo e a qualidade de produções da Broadway. O musical contou com 18 atores em cena e foi cuidadosamente planejado para encantar tanto crianças quanto adultos. Além disso, promoveu a valorização e a divulgação da cultura e da arte brasileiras, reafirmando o legado atemporal do Sítio do Picapau Amarelo.



Para realizar o sonho de levar o Sítio do Picapau Amarelo aos palcos, Sandro Chaim reuniu uma equipe de peso. A direção do musical ficou a cargo de Roberto Talma, conhecido por dirigir o seriado de 2001. Já a adaptação das histórias foi assinada por Flávio de Souza, criador de programas infantis renomados como Mundo da Lua e Castelo Rá-Tim-Bum.

Para Flávio, participar do musical foi a realização de um sonho antigo. Ele revelou que, ao terminar seu trabalho como redator para a Xuxa, planejava colaborar com a versão televisiva do Sítio, mas o seriado foi retirado do ar antes que pudesse se oferecer. Para a adaptação da peça, Souza releu toda a obra de Monteiro Lobato e manteve um diálogo constante com Roberto Talma, diretor do espetáculo.

O musical revisita o clássico Reinações de Narizinho e é dividido em dois atos: o primeiro apresenta os personagens e o segundo mostra a festa de casamento da Emília com o Marquês de Rabicó. Para amarrar tudo, o Visconde de Sabugosa foi escolhido como narrador, apresentando as memórias de Lobato. 

Sobre a adaptação, Flávio comentou: "O livro O Picapau Amarelo me chamou a atenção por trazer personagens dos contos de fadas à trama. Pensei nisso para cativar crianças que não conhecem o Sítio ou seus personagens."

Flávio de Souza, autor da peça.


A direção musical ficou por conta de André Abujamra e Ronnie Kneblewski. A trilha é composta por 13 músicas, sendo sete delas conhecidas do público, c. As outras seis foram criadas especialmente para o musical, com arranjos modernos que mantêm o toque lúdico
.
Entre as músicas inéditas, destaque para o tema da Dona Carochinha, descrito por André como uma "música búlgara pop com orégano". Outras novidades incluem a salsa-mambo Cuca cá, uma música clássica dance para a entrada da Cinderela, e Moia o Sítio, uma composição em russo inspirada em cantos indígenas. Flávio elogiou a parceria com André: "Ele é um gênio. Mandava as letras e, em pouco tempo, ele entregava tudo pronto. Impressionante!"

Confira a lista das músicas: Sítio do Picapau Amarelo, Narizinho, A Cuca Te Pega , Sonhando Acordada,  No Reino das Águas Claras, Dona Carochinha,  Li Emi Ali Emilia, Pedrinho,  Ploft Pluft Nhoc, Emilia Disse Sim, A História de Cinderela, Cuca Ca, Moia Sitio. 

As coreografias ficaram sob a responsabilidade de Fernanda Chamma, que combinou dança-teatro com linhas modernas, sapateados e cenas dinâmicas que exploram todo o palco, incluindo elementos aéreos e personagens fantásticos. Sobre o trabalho ela declarou:
"Meu desafio era equilibrar a energia da cena para que a dança complementasse a atuação e o canto, sem prejudicar o personagem."

A produção contou com 70 profissionais e impressionava pela grandiosidade. O cenógrafo João Irênio criou um cenário imersivo, com árvores de cinco metros de altura, um casarão giratório, projeções 3D e efeitos sonoros de última geração. Para ele, "fazer esse trabalho é revisitar a infância e colocar todas as experiências de vida à tona".

João é filho de Irenio Maia, diretor de arte da versão televisiva do Sítio nos anos 1980. "Naquela época, eu tinha dez anos. Agora, 28 anos depois, estou aqui fazendo esta releitura fantástica", compartilhou João. Os bonecos criados pelo grupo CEM MODOS voltam com uma surpresa: uma nova Cuca que mistura elementos de duas temporadas: o corpo de 2001 e a cabeça de 2006. 

ELENCO

Para um projeto de tamanha relevância, era esperado que escalassem um elenco de peso. Mariana Elisabetsky foi escolhida para interpretar a icônica Emília. Inicialmente, ela havia feito o teste para Narizinho e chegou a passar na primeira fase. No entanto, durante a avaliação, Roberto Talma interrompeu a cena e disse que Mariana não era Narizinho, mas sim Emília. Ele deu a ela apenas
meia hora para se preparar para o teste da boneca de pano. O resultado? Mariana conquistou o papel e se tornou a nossa Emília.

Ana Paula Grande, que fazia teatro desde os nove anos, nunca havia participado de um musical. Sandro Chaim acreditou que ela tinha o perfil perfeito para Narizinho e a convidou para os testes. Mesmo sem experiência musical, Ana foi determinada e conquistou o papel.

Para Pedrinho, foi escalado o ator mineiro João Maia, que tinha apenas 17 anos na época. Já o papel do Visconde de Sabugosa ficou com Rodrigo Miallaret.

Graça Cunha foi inicialmente convidada para o papel de Tia Nastácia, mas não demonstrou interesse. Em vez disso, ela sugeriu à amiga Bibba Chuqui que fizesse os testes. Bibba não só participou como foi aprovada. Experiente no teatro musical do Sítio desde os anos 1990, ela pediu a bênção de Cintia Abravanel para integrar o novo projeto. No papel de Dona Benta, foi escalada a atriz Suzanah Borges.

Mari Vaz durante uma conversa com o produtor, brincou que adoraria interpretar a Cuca, caso houvesse uma oportunidade. Chiquitto ouviu, e Mari foi escalada como a bruxa. Ela levava a personagem muito a sério, realizando um ritual antes de vestir a fantasia para se conectar com a Cuca. Além disso, foi a própria Mari quem criou a coreografia do número de sapateado da Cuca.

Francis Helena enfrentou uma audição desafiadora com Fernanda Chamma, que pediu aos atores para improvisarem. Francis surpreendeu, entregando uma performance tão intensa que chegou a pular na plateia. Foi assim que conquistou o papel de Rábico, apesar de ter claustrofobia, mas essa história eu vou deixar pra ela mesma te contar.Mais tarde, Francis, além de integrar o corpo de baile e interpretar Rábico, assumiu o papel de dance captain

Na época, Danilo Barbieri, que interpretava Peter Pan e o Pequeno Polegar, e Gabriel Malo, que dava vida ao Burro Falante, passaram para o elenco de Hairspray. Para substituí-los, entraram os atores Arthur Berges e Fernando Marianno.

Diego Biaginni é ator formado pela Escola Célia Helena, bailarino, diretor e produtor. Com uma vasta experiência em musicais, ele participou de diversas produções em São Paulo e no Rio de Janeiro, destacando-se especialmente em espetáculos infantis como Lazy Town e O Mágico de Oz. Diego ficou responsável pelos papeis do Príncipe Escamado e de Aladdin.

Arízio Magalhães foi testado diretamente para o Capitão Gancho. Sua preparação foi inspirada em produções hollywoodianas, e ele conseguiu o papel. Já Vinícius Loyola assumiu os papeis de Smee, o assistente do capitão, e Pinóquio.


O elenco também incluiu:

  • Alberto Tadeu como Quindim e Sapão;

  • Dani Migliozzi como Dona Carochinha;

  • Sara Freitas como Branca de Neve e Secretária do Príncipe;

  • Juliana Lago como Cinderela e Dona Aranha;

  • Marjorie Gerardi como Chapeuzinho Vermelho.

Pessoal, não vou me aprofundar em todos os integrantes, pois o elenco é enorme e repleto de talentos. Além disso, estamos publicando, na íntegra, entrevistas com os atores, que você pode conferir na playlist do canal. Também produzimos um documentário sobre o musical, disponível na página.

Na época, Roberto Talma enfrentava sérios problemas de saúde, e seu nome foi utilizado principalmente para atrair o público do seriado e garantir a aprovação da família de Monteiro Lobato. Talma, que odiava viajar de avião, fazia o trajeto do Rio de Janeiro a São Paulo de carro quase três vezes por semana, o que acabou comprometendo a supervisão necessária para a construção do espetáculo.

Mas por que não houve um assistente para assumir as rédeas? Com a ausência de uma direção mais presente, os atores precisaram se virar. Felizmente, a união incrível do elenco fez toda a diferença. No final, o musical se tornou quase uma criação conjunta, fruto do esforço e da colaboração de todos. Para se ter ideia, o projeto ficou tão atrasado que momentos antes da estreia os atores estavam terminando de pintar a casa do cenário. 




O espetáculo Sítio do Picapau Amarelo - O Musical estreou no Teatro Procópio Ferreira em 12 de outubro de 2008. Nesse dia ocorreu uma situação muito marcante: no voo do Peter Pan o elenco se emocionou. Sim, o Peter Pan chegava voando da PLATEIA! 

Tudo corria bem, até que, na cena de encerramento, onde os atores interagem com as crianças na plateia, a atriz Mariana Elisabetsky, intérprete da Emília, sofreu um acidente. O teatro havia passado por reformas, e um carpete foi colocado sobre os degraus. Durante a interação, Mariana prendeu o pé em um dos degraus e acabou quebrando-o.

A situação ficou ainda mais complicada porque não havia uma substituta para Mariana. Inicialmente, decidiu-se que Ana Paula Grande, intérprete da Narizinho, assumiria o papel de Emília enquanto Mariana estivesse de licença. No entanto, Mariana recusou ficar afastada e, determinada, completou toda a temporada usando uma bota ortopédica.

Lembram que comentei que foi a própria Mari Barros quem criou o número da Cuca? Pois bem! No dia da primeira leitura do texto, a atriz percebeu que a personagem, tão icônica no universo do Sítio do Picapau Amarelo, tinha uma participação mínima no espetáculo. Para se ter ideia, a Cuca apenas entrava, dava uma risada e saía.

Durante a improvisação solicitada por Roberto Talma, Mari surpreendeu a todos com seu desempenho. O diretor ficou tão impressionado que decidiu criar não apenas uma, mas duas novas cenas para a personagem. Em uma dessas cenas, a Cuca fazia uma entrada triunfal, voando sobre o palco e um número com uma música exclusiva para ela. 


Após a primeira fase do musical, a produção reestreou no dia 10 de janeiro de 2009 no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, permanecendo em cartaz até o dia 31 de março do mesmo ano. Em seguida, a peça seguiu para Curitiba, onde foi apresentada no Teatro Positivo nos dias 30 e 31 de maio, às 15h. Para essa nova etapa, o ator do Visconde foi substituído por Tony Germano e Carla Vázquez assumiu o papel de Cuca.

A estreia em Curitiba, no entanto, enfrentou alguns desafios técnicos. Problemas de áudio e o mau funcionamento de um microfone comprometeram a sincronia da história apresentada no palco.

Além disso, a equipe precisou lidar com situações inusitadas nos bastidores: alguns pais insistiam em deixar seus filhos subirem no palco durante a peça, exigindo jogo de cintura por parte dos seguranças para garantir o andamento do espetáculo.

Durante a estadia no Paraná, os intérpretes de Emília, Visconde e Tia Nastácia realizaram uma visita emocionante ao Hospital Erasto Gaertner, levando alegria às crianças em recuperação do câncer.

Mais tarde, o musical estreou no Rio de Janeiro, no Teatro Oi Casa Grande, onde cumpriu uma temporada de 6 de junho a 7 de setembro de 2009. A estreia carioca contou com a presença de nomes como Lupe Gigliotti, Alexandre Barillari, Juliana Baroni e Cininha de Paula. A partir do dia 08 de agosto dessa temporada o patinador Luis Renato substitui Diego Biaginni ao interpretar o Príncipe Escamado e o Aladim. 

Além das apresentações teatrais, o elenco participou de eventos especiais, incluindo uma celebração do Dia do Livro Infantil em Palmas no Tocantins que rende muitas histórias engraçadas. Eles também marcaram presença no programa “Mais Você” em 2009, ao lado de Isabelle Drummond. No entanto, até o momento, esse registro é considerado perdido, sendo um "lost média" para os fãs.


Infelizmente nenhum registro oficial do espetáculo foi lançado, por isso esse vídeo vai te deixar com gostinho de quero mais. Será que um dia a Chaim Produções vai tirar a mão do bolso e fazer alguma coisa para esse musical chegar em alguma plataforma? Vamos fingir que sim né.


E essas foram algumas das curiosidades e histórias por trás do musical do Sítio do Picapau Amarelo, dirigido por Roberto Talma! Essa superprodução deixou sua marca nos palcos e no coração dos fãs, mostrando que as aventuras de Dona Benta, Emília e sua turma continuam encantando gerações, seja na TV, nos livros ou no teatro.


Se você gostou desse mergulho nos bastidores, não esqueça de curtir o vídeo, compartilhar com seus amigos e deixar aqui nos comentários o que mais te chamou atenção ou se você tem alguma memória especial desse musical.



Nenhum comentário:

Postar um comentário